quarta-feira, 10 de junho de 2015

Crônicas - Meras coincidências


Meras coincidências 
Passeando pelo museu, ela vê um senhor que aparenta mais de 100 anos sentado olhando para a parede com olhar desnorteado... 
- Bom dia! Tudo bem? 
- Sim! 
- O senhor precisa de algo? 
- ... 
- O que o senhor está vendo? 
- Abaporu! 
- Como? 
- Mistura de naturalismo, primitivismo, cubismo e um toque surrealista que mescla folclore, cultura, nacionalidade... 
- O senhor realmente está bem? Não está falando coisa com coisa... Queres que eu chame alguém? 
- Ninguém mais entende... ninguém atenderia... todos mortos 
- Pobre homem... e continua olhando para a parede... Não há alguém para eu chamar? 
- Estou olhando o quadro! Lembrando de uma época que passou. Ficou só a lembrança e a saudade 
- Que época foi essa? 
- Uma época que transformou as ideias, pensamentos, a própria criatividade! 
- E o senhor fez parte disso? 
- Muito mais... Nasci por conta disso ou pelo menos uma ideia do que sou. Sou a confluência se tudo que foi pensado, de todas as ideias, mesmo as contraditórias, profundamente o quadro simboliza a grande expressão desse momento. 
- O que ele representa? 
- Antropofagia! 
- Ah! O senhor é um antropófago... 
- KKKKKKKKK .... Não! Entre muitas coisas que fui e sou, esta não. E esse não é o sentido exato do quadro. Sou mais a síntese miscigenada da cultural-folclórica brasileira. 
- O senhor é dessa época? 
- Mais ou menos, mesma década. 1928. 
- Então deves ter... 
- 87 anos. 
- Qual o seu nome? 
- Já terminaste o Ensino Médio? 
- Não. Estou no 2º ano! 
- Você vai ouvir falar de mim, então! 
Sem mais nada a falar, levantou-se e foi embora. Ela ficou meio sem entender muita coisa e o que viu a deixou mais atônita. O senhor idoso de 87 anos transformou-se em um lindo jovem branco e loiro ... 
Texto de André Gustavo Maia Mourão 

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