domingo, 2 de dezembro de 2018

Exercícios sobre Gênero Lírico e dramático


1

Releia a quarta estrofe do poema:

Sem chuva na terra
descamba janeiro
até fevereiro
no mesmo verão
reclama o roceiro
dizendo consigo:
meu Deus é castigo
não chove mais não
Assinale a alternativa que apresenta todas as informações corretas acerca da construção da estrofe, no tocante ao número de versos, número de sílabas de cada verso e esquema de rimas:

A) oitava, cinco, ABBCBDDC
B) oitava, sete, ABBCBDDC
C) oitava, cinco, ABBCADDC
D) décima, seis, ABBCADDC
E) décima, sete, ABBCBDDC



2






5
Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos naturais,
e dos estrangeiros madre:

Dizei-me por vida vossa





10
em que fundais o ditame
de exaltar os que aqui vêm,
e abater os que aqui nascem?

Se o fazeis pelo interesse
de que os estranhos vos gabem,





15
isso os paisanos fariam
com conhecidas vantagens.

E suposto que os louvores
em boca própria não valem,
se tem força esta sentença,





20
mor força terá a verdade.

O certo é, pátria minha,
que fostes terra de alarves,
e inda os ressábios vos duram
desse tempo e dessa idade.






25

Haverá duzentos anos,
nem tantos podem contar-se,
que éreis uma aldeia pobre
e hoje sois rica cidade.

Então vos pisavam índios,

e vos habitavam cafres,
hoje chispais fidalguias,
arrojando personagens.

Nota: entenda-se “Bahia” como cidade.

Gregório de Matos

Vocabulário
alarves - que ou quem é rústico, abrutado, grosseiro, ignorante; que ou o que é tolo, parvo, estúpido.
ressábios - sabor; gosto que se tem depois.
cafres - indivíduo de raça negra.

Todas as afirmativas sobre a construção estética ou a produção textual do poema de Gregório de Matos (Texto) estão adequadas, EXCETO uma. Assinale-a.

(A) Existem antíteses, características de textos no período barroco.
(B) Há uma personificação, pois a Bahia, ser inanimado, é tratada como ser vivo.
(C) A ausência de métrica aproxima o poema do Modernismo.
(D) O eu lírico usa o vocativo, transformando a Bahia em sua interlocutora.
(E) Há diferença de tratamento para os habitantes locais e os estrangeiros.

3

Vila Rica

O ouro fulvo* do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos* de ouro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre,
O último ouro de sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião, que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,

Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.

Olavo Bilac

*Glossário:
“fulvo”: de cor alaranjada.
“laivos”: marcas; manchas; desenhos estreitos e coloridos nas pedras; restos ou vestígios.

Dentre os diversos recursos expressivos presentes no texto, pode-se apontar o emprego concomitante de um verbo onomatopaico e de aliteração no verso

A) dois.
B) onze.
C) oito.
D) catorze.
E) quatro.



4

A questão se baseia num poema de Florbela Espanca.

Esquecimento

Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...
E desse que era meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...!
Florbela Espanca

Na última estrofe, o eu lírico expressa, por meio de

(A) hipérboles, a dificuldade de se tentar esquecer um grande amor.
(B) metáforas, a forma de se esquecer plenamente a pessoa amada.
(C) eufemismos, as contradições do amor e os sofrimentos dele decorrentes.
(D) metonímias, o bem-estar ligado a amar e querer esquecer.
(E) paradoxos, a impossibilidade de o esquecimento ser levado a cabo.



5

Considere o poema a seguir, "A cantiga", de Adélia Prado:

"Ai cigana ciganinha,
ciganinha, meu amor".
Quando escutei essa cantiga
era hora do almoço, há muitos anos.
A voz da mulher cantando vinha de uma cozinha,
ai ciganinha, a voz de bambu rachado
continua tinindo, esganiçada, linda,
viaja pra dentro de mim, o meu ouvido cada vez melhor.
Canta, canta, mulher, vai polindo o cristal,
canta mais, canta que eu acho minha mãe,
meu vestido estampado, meu pai tirando boia da panela,
canta que eu acho minha vida.
(Em: Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.)

Acerca desse poema, é INCORRETO afirmar que

A ( ) a poeta tem consciência de que seu passado é irremediavelmente perdido.
B ( ) existe um tom nostálgico, e um saudosismo de raiz romântica.
C ( ) a cantiga faz com que a poeta reviva uma série de lembranças afetivas.
D ( ) predomina o tom confessional e o caráter autobiográfico.
E ( ) valoriza os elementos da cultura popular, também uma herança romântica.




6

Bebida é água
Comida é pasto
Você tem fome de quê?
Você tem sede de quê? [...]”.
A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão e balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer.
[...]
(Comida, Titãs).

Figuras de linguagem é uma forma de expressão que consiste no emprego de palavras em sentido diferente daquele em que convencionalmente são empregadas. Na frase “Comida é pasto”, a palavra pasto foi empregada como:

a. Metonímia.
b. Metáfora.
c. Hipérbole.
d. Eufemismo.
e. Prosopopeia.