terça-feira, 11 de outubro de 2011

Simbolismo


1893 - 1922
  Contexto histórico: 
  • Neocolonialismo no Brasil: 
  • Primeira República 
  • Revolta da Armada 
  • Revolta Federalista 
  • Canudos 
Marco Inicial
Missal (prosa) e Broquéis (poesia), dois livros de Cruz e Sousa 

Características
  • Musicalidade: o simbolista francês Paul Verlaine decretara “de la musique avant toute chose” (música antes de qualquer coisa) e essa foi a característica mais perseguida por todos. Para conseguir esse efeito, usavam repetições, aliterações, inovações métricas: 
Velho vento vagabundo! 
No teu rosnar sonolento 
Leva ao longe este lamento, 
Além do escárnio do mundo. (Cruz e Sousa) 

  • Mistério: o uso de vocabulário litúrgico e os adjetivos de significação vaga e imprecisa enfatizam a atmosfera de mistério da maioria dos textos simbolistas: 

Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... 
Incensos dos turíbulos das aras (Cruz e Sousa) 


  • Sugestão: as metáforas polivalentes (os símbolos) e as analogias sensoriais (sinestesias) sugerem estados d’alma e representam um mergulho no caos do inconsciente do poeta: 
Era um som feito luz, eram volatas 
Em lânguida espiral que iluminava, 
Brancas sonoridades de cascatas... 
Tanta harmonia melancolizava. (Cruz e Sousa)

Principais poetas
  • Cruz e Souza
  • Alphonsus de Guimaraens


Raimundo Correia

Raimundo Correia (1859-1911) 
Obras

  • Primeiros Sonhos (1879); Sinfonias (1883); Versos e Versões (1887); Aleluias (1891); Poesias (1898). 


Características
  • Manifestou intensa preocupação formal, usando linguagem ricamente trabalhada. Ficou conhecido como o poeta de “Mal secreto” e “As pombas”, dois de seus sonetos mais conhecidos; 
  • Revelou forte influência dos poetas Românticos: Fagundes Varela, Casimiro de Abreu e Castro Alves; 
  • Os temas adotados por Raimundo Correia giram em torno da perfeição formal dos objetos. 
  • Diferencia-se dos demais parnasianos porque sua poesia é marcada por um forte pessimismo.
Poemas

As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...


Mal Secreto 

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!


domingo, 9 de outubro de 2011

Alberto de Oliveira

Alberto de Oliveira (1859-1937) 


Obra
Canções Românticas (1878); Meridionais (1884); Sonetos e Poemas (1885); Versos e Rimas (1895); Poesias - quatro séries (1900-1905-1913-1927); Céu, Terra e Mar (1914) – antologia; Poesias Escolhidas (1933) - Póstuma, (1944).

Características
  • Cultivou temas que vão desde objetos até a natureza e a saudade; 
  • Perfeição formal e métrica rígida. A sua linguagem é cuidadosamente trabalhada, chegando às vezes a ser rebuscada.
Poemas



Vaso Grego

Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que o suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas, o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.


Vaso Chinês

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa. 

Olavo Bilac



Olavo Bilac (1865-1918)

Obras

Poesias (1888), constando as coleções Panóplias, Via Láctea, Sarças de Fogo e, na segunda edição, O Caçador de Esmeraldas, Alma Inquieta; Viagens.

Características
  • A Antigüidade greco-romana 
  • A temática da perfeição 
  • O lirismo amoroso 
  • A reflexão existencial 
  • O nacionalismo ufanista 
  • A mulher e a pátria são temas constantes na obra de Bilac. 
  • Coerente com sua postura estética, sua forma é perfeita, demonstrando habilidade de versificação e pureza da língua. 
  • Sua poesia é superficial como visão do homem, pois se detém na camada superficial das cores, dos sons, das combinações plásticas sem mergulhar nas angústias e prazeres do ser humano. 
Poemas
- Anoitecer

- Profissão de fé

- Nel mezzo del camin

- Língua Portuguesa







 

ANOITECER


ANOITECER

Esbraseia o Ocidente na agonia
O Sol... Aves em bandos destacados,
Por céus de oiro e de púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...
Delineam-se, além, da serrania
Os vértices de chama aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia...
Um mundo de vapores no ar flutua...
Como uma informe nódoa, avulta e cresce
A sombra à proporção que a luz recua...
A natureza apática esmaece...
Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula... Anoitece.

Nel mezzo del camin...

Nel mezzo del camin...


Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo."

Língua portuguesa


Língua portuguesa


Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! 

PROFISSÃO DE FÉ


PROFISSÃO DE FÉ
Le poète est cise1eur,
Le ciseleur est poète.
Victor Hugo.
Não quero o Zeus Capitolino
Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino 
Com o camartelo.

Que outro - não eu! - a pedra corte 
Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte 
Descomunal.


Mais que esse vulto extraordinário, 
Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário 
De fino artista.

Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo 
Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara 
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara, 
O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me, 
Sobre o papel
A pena, como em prata firme 
Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem, 
A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem 
Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima 
A frase; e, enfim, 
No verso de ouro engasta a rima, 
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina, 
Dobrada ao jeito 
Do ourives, saia da oficina 
Sem um defeito:

E que o lavor do verso, acaso, 
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso 
De Becerril.

E horas sem conto passo, mudo, 
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo 
O pensamento.

Porque o escrever - tanta perícia, 
Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia 
De outro qualquer.

Assim procedo. Minha pena 
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena, 
Serena Forma!

Deusa! A onda vil, que se avoluma 
De um torvo mar,
Deixa-a crescer; e o lodo e a espuma 
Deixa-a rolar!

Blasfemo> em grita surda e horrendo 
Ímpeto, o bando
Venha dos bárbaros crescendo, 
Vociferando...

Deixa-o: que venha e uivando passe
- Bando feroz!
Não se te mude a cor da face 
E o tom da voz!

Olha-os somente, armada e pronta, 
Radiante e bela:
E, ao braço o escudo> a raiva afronta 
Dessa procela!

Este que à frente vem, e o todo 
Possui minaz
De um vândalo ou de um visigodo, 
Cruel e audaz;

Este, que, de entre os mais, o vulto 
Ferrenho alteia,
E, em jato, expele o amargo insulto 
Que te enlameia:

É em vão que as forças cansa, e â luta 
Se atira; é em vão
Que brande no ar a maça bruta 
A bruta mão.

Não morrerás, Deusa sublime! 
Do trono egrégio
Assistirás intacta ao crime 
Do sacrilégio.

E, se morreres por ventura, 
Possa eu morrer
Contigo, e a mesma noite escura 
Nos envolver!

Ah! ver por terra, profanada, 
A ara partida
E a Arte imortal aos pés calcada, 
Prostituída!...

Ver derribar do eterno sólio 
O Belo, e o som
Ouvir da queda do Acropólio, 
Do Partenon!...

Sem sacerdote, a Crença morta 
Sentir, e o susto
Ver, e o extermínio, entrando a porta 
Do templo augusto!...

Ver esta língua, que cultivo, 
Sem ouropéis,
Mirrada ao hálito nocivo 
Dos infiéis!...

Não! Morra tudo que me é caro, 
Fique eu sozinho!
Que não encontre um só amparo 
Em meu caminho!

Que a minha dor nem a um amigo 
Inspire dó...
Mas, ah! que eu fique só contigo, 
Contigo só!

Vive! que eu viverei servindo 
Teu culto, e, obscuro,
Tuas custódias esculpindo 
No ouro mais puro.

Celebrarei o teu oficio 
No altar: porém,
Se inda é pequeno o sacrifício, 
Morra eu também!

Caia eu também, sem esperança, 
Porém tranqüilo,
Inda, ao cair, vibrando a lança, 
Em prol do Estilo!


Paranasianismo

Parnasianismo

Origens:

O Parnasianismo teve origem na França com a publicação de Parnasse Contemporain (1866) na década de 1860. Seu nome associa-se ao Parnaso grego, segundo o mito um monte na Fócida, região da Grécia central, consagrado a Apolo e às musas.

Reação ao Romantismo:
Contrariamente ao que se pode imaginar, o Parnasianismo não faz frente ao Realismo. Como poderíamos esperar, mas ao Romantismo e seus princípios. Os parnasianos fazem um retorno aos valores clássicos, principalmente no que se refere a perfeição formal.

Batalha do Parnaso:
As idéias quanto ao Parnasianismo foram difundidas no Brasil desde a década de 1870, mas foi no final desta que ele alcançou o seu reconhecimento.

Marco Inicial no Brasil
Publicação de Fanfarras de Teófilo Dias em 1822.

A Trindade Parnasiana

Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, o “Príncipe dos Poetas”. 

Realismo X ParnasianismoApesar de coexistirem não podem ser associados. Realismo e Parnasianismo, mesmo estando unidos no combate ao Romantismo, não possuem o mesmo objetivo. Isto se torna evidente em uma característica que faz a última ser conhecida até os dias de hoje: ARTE PELA ARTE. Os parnasianos são altamente descritivos, não importando a eles o que está sendo descrito e sim como está sendo descrito. O que torna suas poesias de uma profunda criação formal, mas sem as preocupações metafísicas ou de denúncia do Realismo. 

Características:
  • Reação à poesia romântica (tentativa de poesia realista);
  • Objetividade e impassibilidade do poeta;
  • Universalismo;
  • Racionalismo e contenção de emoções;
  • Culto à forma, entendida como métrica, rima e versificação; 
  • Utilização de fórmulas poéticas fixas como o soneto;
  • Arte pela arte: a arte só tem compromisso com sua beleza;
  • Vocabulário culto;
  • Gosto por descrições;
  • Temas principais: Antigüidade greco-romana; discussão sobre a própria poesia; descrição de cenas da natureza e de objetos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cidade, sinônimo de sociabilidade, individualismo e anonimato




"Em que sentido a cidade é sinônimo de sociabilidade, embora tenha se tornado hoje sinônimo de individualismo e de anonimato?" Le Goff


Esta é a pergunta motivadora do projeto fotográfico do 3o ano. O momento é oportuno, pois no dia 24 de outubro comemora-se o aniversário de Manaus. Para a realização da exposição fotográfica, é necessária a elaboração de um projeto que disponibilizo aqui.