domingo, 9 de outubro de 2011

Alberto de Oliveira

Alberto de Oliveira (1859-1937) 


Obra
Canções Românticas (1878); Meridionais (1884); Sonetos e Poemas (1885); Versos e Rimas (1895); Poesias - quatro séries (1900-1905-1913-1927); Céu, Terra e Mar (1914) – antologia; Poesias Escolhidas (1933) - Póstuma, (1944).

Características
  • Cultivou temas que vão desde objetos até a natureza e a saudade; 
  • Perfeição formal e métrica rígida. A sua linguagem é cuidadosamente trabalhada, chegando às vezes a ser rebuscada.
Poemas



Vaso Grego

Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que o suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas, o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.


Vaso Chinês

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.