terça-feira, 3 de março de 2020

Almeida Garret

Ficheiro:Almeida Garrett por Guglielmi.jpg – Wikipédia, a ...


Almeida Garret (179 - 1853)

Este Inferno de Amar

Este inferno de amar - como eu amo! -
Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho -
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei...

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'



Não te Amo

Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma.
      E eu n’alma - tenho a calma,
      A calma - do jazigo.
      Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
      E a vida - nem sentida
      A trago eu já comigo.
      Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
      De um querer bruto e fero
      Que o sangue me devora,
      Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
      Quem ama a aziaga estrela
      Que lhe luz na má hora
      Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
      De mau, feitiço azado
      Este indigno furor.
      Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
      Que de mim tenho espanto,
      De ti medo e terror...


Destino


Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta «Florece!»
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?
Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai!, não mo disse ninguém.

Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino .
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'


segunda-feira, 2 de março de 2020

Mário de Sá Carneiro

Mário de Sá Carneiro (1890 - 1916)

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QUASE

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minhalma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Listas de som avançam para mim a fustigar-me
Em luz.
Todo a vibrar, quero fugir... Onde acoitar-me?...
Os braços duma cruz
Anseiam-se-me, e eu fujo também ao luar...


DISPERSÃO

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto.
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar,
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:

Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).

Pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que me abismastes nas ânsias.

A grande ave doirada
Bateu asas para os céus
Mas fechou-se saciada
Ao ver que ganhava os céus.

Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.

Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que protejo:
Se me olho a um espelho, erro
Não me acho no que projeto.

Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha dentro de mim.

Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
Eu nunca vi... mas recordo

A sua boca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.

(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que sonhei!... )

E sinto que a minha morte —
Minha dispersão total —
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.

Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.

Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas. . .

Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas pra se dar
Ninguém mas quis apertar
Tristes mãos longas e lindas

Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!

Desceu-me nalma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.

Álcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em, uma bruma outonal.

Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida
Eu sigo-a, mas permaneço ...

...............................................
Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba...
..............................................


Almada Negreiros


Almada Negreiros (1893 - 1970)

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Artista vigoroso e inventivo que modificou o cenário artístico português. Poeta futurista, dadaísta, cubista, surrealista. Antiacadêmico, anticonvencional, anti-tudo-que-seja-mau-e-falso-em-arte...

ENCONTRO

Que vens contar-me

se não sei ouvir senão o silêncio?

Estou parado no mundo.

Só sei escutar de longe

antigamente ou lá para o futuro.

É bem certo que existo:

chegou-me a vez de escutar.

Que queres que te diga

se não sei nada e desaprendo?

A minha paz é ignorar.

Aprendo a não saber:

que a ciência aprenda comigo

já que não soube ensinar.

O meu alimento é o silêncio do mundo

que fica no alto das montanhas

e não desce à cidade

e sobe às nuvens que andam à procura de forma

antes de desaparecer.

Para que queres que te apareça

se me agrada não ter horas a toda a hora?

A preguiça do céu entrou comigo

e prescindo da realidade como ela prescinde de mim.

Para que me lastimas

se este é o meu auge?!

Eu tive a dita de me terem roubado tudo

menos a minha torre de marfim.

Jamais os invasores levaram consigo as nossas

torres de marfim.

Levaram-me o orgulho todo

deixaram-me a memória envenenada

e intacta a torre de marfim.

Só não sei que faça da porta da torre

que dá para donde vim.



A FLOR

Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis.A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
:Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!




Canção da Saudade

Se eu fosse cego amava toda a gente.

Não é por ti que dormes em meus braços que sinto amor. Eu amo a minha irmã gemea que nasceu sem vida, e amo-a a fantazia-la viva na minha edade.

Tu, meu amor, que nome é o teu? Dize onde vives, dize onde móras, dize se vives ou se já nasceste.

Eu amo aquella mão branca dependurada da amurada da galé que partia em busca de outras galés perdidas em mares longissimos.

Eu amo um sorriso que julgo ter visto em luz do fim-do-dia por entre as gentes apressadas.

Eu amo aquellas mulheres formosas que indiferentes passaram a meu lado e nunca mais os meus olhos pararam nelas.

Eu amo os cemiterios - as lágens são espessas vidraças transparentes, e eu vejo deitadas em leitos florídos virgens núas, mulheres bellas rindo-se para mim.

Eu amo a noite, porque na luz fugida as silhuetas indecisas das mulheres são como as silhuetas indecisas das mulheres que vivem em meus sonhos. Eu amo a lua do lado que eu nunca vi.

Se eu fosse cego amava toda a gente.

Almada Negreiros, in 'Frisos - Revista Orpheu nº1'

O Valor da Ingenuidade

O maior perigo que corre o ingénuo: o de querer ser esperto. Tão ingénuo que cuida, coitado, de que alguma vez no mundo o conhecimento valeu mais do que a ingenuidade de cada um. A ingenuidade é o legítimo segredo de cada qual, é a sua verdadeira idade, é o seu próprio sentimento livre, é a alma do nosso corpo, é a própria luz de toda a nossa resistência moral.
Mas os ingénuos são os primeiros que ignoram a força criadora da ingenuidade, e na ânsia de crescer compram vantagens imediatas ao preço da sua própria ingenuidade.
Raríssimos foram e são os ingénuos que se comprometeram um dia para consigo próprios a não competir neste mundo senão consigo mesmos. A grande maioria dos ingénuos desanima logo de entrada e prefere tricher no jogo de honra, do mérito e do valor. São eles as próprias vítimas de si mesmos, os suicidas dos seus legítimos poetas, os grotescos espanatalhos da sua própria esperteza saloia.
Bem haja o povo que encontrou para o seu idioma esta denunciante expressão da pessoa que é vítima de si mesma: a esperteza saloia. A esperteza saloia representa bem a lição que sofre aquele que não confiou afinal em si mesmo, que desconfiou de si próprio, que se permitiu servir de malícia, a qual como toda a espécie de malícia não perdoa exactamente ao próprio que a foi buscar. Em português a malícia diz-se exactamente por estas palavras: esperteza saloia.

Parecendo tão insignificante, a malícia contudo fere a individualidade humana no mais profundo da integridade do próprio que a usa, porque o distrai da dignidade e da atenção que ele se deve a si mesmo, distrai-o do seu próprio caso pessoal, da sua simpatia ou repulsa, da sua bondade ou da sua maldade, legítimas ambas no seu segredo emocional.
Porque na ingenuidade tudo é de ordem emocional. Tudo. O que não acontece com as outras espécies de conhecimento onde tudo é de ordem intelectual. Na ordem intelectual é possível reatar um caminho que se rompeu. Na ordem emocional, uma vez roto o caminho, já nunca mais se encontrará sequer aquela ponta por onde se rompeu.
O conhecimento é exclusivamente de ordem emocional, embora também lhe sirvam todas as pontas da meada intelectual.

Almada Negreiros, in "Ensaios"


MANIFESTO ANTI-DANTAS POR EXTENSO 
por José de Almada-Negreiros 
POETA D'ORPHEU FUTURISTA e TUDO 

BASTA PUM BASTA! UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM DANTAS É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RESMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO! ABAIXO A GERAÇÃO! MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Competências e habilidades – Linguagens e Códigos

Competências e habilidades – Linguagens e Códigos

Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
H1 – Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 – Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 – Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 – Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Exercícios sobre a José de Alencar, Álvares de Azevedo e A Moreninha de Joaquim Manuel de Macedo


Texto para as questões 1, 2, 3 e 4

1.De acordo com o texto e considerando o período em que a obra foi escrita, é correto afirmar:
a) A figura de linguagem utilizada no texto para se referir ao modo como as mulheres passam a ser tratadas pelos artistas românticos é a hipérbole, que consiste no exagero com o intuito de realçar uma ideia.
b) O termo “românticos”, utilizado no texto, diz respeito a estado de espírito, desviando-se do movimento artístico dominante na primeira metade do século XIX brasileiro.
c) O movimento romântico teve caráter contestador, trazendo mudanças não somente para a arte como também para o comportamento.
d) Percebe-se, no texto, forte influência do Positivismo, pois o personagem preocupa-se com a maneira através da qual os escritores românticos referem-se às mulheres.
e) A referência ao modo de tratar a figura feminina exprime uma tentativa de aproximar dois polos considerados inconciliáveis e opostos, denotando profundo gosto pelo paradoxal e antitético.
I.Há no texto uma nítida oposição entre “outrora” e “hoje”, podendo o primeiro ser lido como “época em que dominavam os valores clássicos”, e o segundo, como “época em que dominam os valores românticos”.
II.No período clássico, a designação da realidade era feita através de palavras precisas, deixando claro que aquele que a focalizava possuía grande conhecimento da língua portuguesa padrão.
III. No período romântico, a realidade não é mais vista por uma única perspectiva, por conseguinte, pode ser apreendida de maneira subjetiva.
IV.Olhar a realidade de forma romântica ou de forma clássica vem a ser a mesma coisa, pois o olhar é, antes de mais nada, humano.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.               b) I e III.                  c) II e IV.                   d) I, III e IV.              e) II, III e IV.

a) Mostra-se conservador devido à peculiaridade de sua história familiar.
b) Discorda da visão de mundo dos românticos, seus contemporâneos.
c) Está efetuando leitura da oposição visão de mundo romântica e visão de mundo clássica em período posterior à ocorrência das mesmas.
d) Possui visão de mundo católica, opondo-se aos adeptos da Reforma de Lutero.
e) Apresenta-se neutro frente à oposição visão de mundo clássica e visão de mundo romântica.
4.Sobre a expressão “em bom português”, presente no texto, considere as afirmativas a seguir. Estão corretas apenas as afirmativas:
I.Conforme aparece no texto, indica o desejo de estar de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
II.Corresponde à expectativa de preservar, no uso corrente da língua portuguesa, a clareza e a objetividade.
III. Conforme aparece no texto, aponta a valorização da fidelidade aos sentidos originais dos vocábulos.
IV.É utilizada para ressaltar a admiração pela língua portuguesa conforme é falada em Portugal.
a) I e III.              b) II e III.             c) II e IV.             d) I, II e IV.            e) I, III e IV.
“Ora, o tal bichinho chamado amor é capaz de amoldar seus escolhidos a todas as circunstâncias e de obrigá-los a fazer quanta parvoíce há neste mundo. o amor faz o velho criança, o sábio doido, o rei humilde, cativo; faz mesmo. Ás vezes, com que o feio pareça bonito e o grão de areia um gigante. O amor seria capaz de obrigar um coxo a brincar o tempo-será, a um surdo o companheiro e a um cego o procura quem te deu. O amor foi inventor das cabeleiras, dos dentes postiços e de outros certos postiços que… mas, alto lá! Que isto é bulir com muita gente; enfim, o amor está fazendo um estudante do quinto ano de medicina passar um dia inteiro brincando com bonecas.”(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha.)
5.A passagem extraída do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, refere-se ao seu protagonista masculino, o estudante de medicina Augusto.
O tema abordado neste texto corresponde:
a) ao caráter inconstante da paixão amorosa
b)à relação problemática entre o amor e juventude.
c) à exaltação romântica do amor juvenil.
d) às alterações de comportamento provocadas pelo amor.
e) aos paradoxos afetivos que caracterizam os enamorados.
6.Assim se pode definir o romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo:
 a)Relato da vida nas repúblicas estudantis do tempo do Império.
b) Estudo da psicologia de um tipo de mulher brasileira, no ambiente rural.
c) História de fidelidade ao amor de infância, na sociedade do Rio
d) Crônica de um caso de mistério, na sociedade carioca de fins do século.
e)Narrativa sobre o problema da escravidão, na sociedade brasileira do século passado
7.Analise as afirmações abaixo sobre o romance “A Moreninha” e seu autor Joaquim
Manuel de Macedo.
I- A Moreninha é um livro centrado no romance entre Augusto e Carolina e é um dos pilares de nossa literatura romântica.
II- Numa época onde a cultura era totalmente voltada para a Europa, A Moreninha é uma das primeiras e magníficas tentativas de fazer literatura brasileira, observando usos e costumes do Brasil do Segundo Império, retratando o cotidiano da vida brasileira em meados do século XIX.
III- O romance apresenta a temática do casamento por interesse tão comum no século XIX e criticado pelo autor que já era considerado realista-naturalista.
 Quais são corretas?
A) Apenas I.      B) Apenas I e II.         C) Apenas II e III.           D) Apenas I e III.     E) I, II e III.

8.Analise as afirmações abaixo sobre o romance “A Moreninha” e seu autor Joaquim Manuel de Macedo.
 I- Mestre na arte do folhetim, Macedo sabia como entrelaçar vários fios narrativos, criando para o leitor momentos de emoção imprevistos e cenas cômicas que ajudam a desfazer a tensão, enquanto o narrador prepara o final feliz reservado para os protagonistas.
II- O Romantismo presente na trama desenvolvida por Macedo se manifesta em diversos aspectos da estrutura: há a pureza do amor infantil, que se concretiza na idade adulta; há a manutenção do mistério da identidade dos amantes; há até o traço nacionalista com a apresentação de uma lenda indígena.
III- Foi o primeiro romance romântico urbano com qualidade literária que alcançou grande sucesso de público e abriu caminho para uma vasta produção de folhetins escritos por autores brasileiros.
 Quais são corretas?
Apenas I.               B) I, II e III.        C) Apenas I e II.        D) Apenas II e III.      E) Apenas I e III.

“Entre os rapazes, porém, há um que não está absolutamente satisfeito: é Augusto. Será porque no tal jogo da palhinha tem por vezes ficado viúvo?… não! ele esperava isso como castigo da sua inconstância. A causa é outra: a alma da ilha de … não está na sala! Augusto vê o jogo ir seguindo o seu caminho muito em ordem; não se rasgou ainda nenhum lenço, Filipe ainda não gritou com a dor de nenhum beliscão, tudo se faz em regra e muito direito; a travessa, a inquieta, a buliçosa, a tentaçãozinha não está aí: D. Carolina está ausente!…
Com efeito, Augusto, sem amar D. Carolina, (ele assim o pensa) já faz dela ideia absolutamente diversa da que fazia ainda há poucas horas. Agora, segundo ele, a interessante Moreninha é, na verdade, travessa, mas a cada travessura ajunta tanta graça, que tudo se lhe perdoa. D. Carolina é o prazer em ebulição; se é inquieta e buliçosa, está em sê-lo a sua maior graça; aquele rosto moreno, vivo e delicado, aquele corpinho, ligeiro como abelha, perderia metade do que vale, se não estivesse em contínua agitação. O beija-flor nunca se mostra tão belo como quando se pendura na mais tênue flor e voeja nos ares; D. Carolina é um beija-flor completo.”MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. L&PM: Porto Alegre, 2001.p. 123-124.
A única alternativa incorreta sobre a obra e o trecho lidos é:
A) O cotidiano burguês do século XIX é apresentado em diversos capítulos, detalhando os hábitos e costumes da época.
B) A comparação de D. Carolina a um beija-flor é um recurso estilístico próprio do Romantismo, e serve para enfatizar o caráter idealizador sobre a figura feminina.
C) A inquietação de Augusto é causada pela ausência de D. Carolina, e não pelo fato de o jogo estar monótono.
D) Augusto começa a enxergar a jovem D. Carolina como uma mulher sedutora e extravagante, após alguns dias devidamente instalado na ilha de…
E) A obra sugere, em seu final, que o romance é resultado da derrota de Augusto na aposta realizada com seu amigo Filipe.
10.Sobre o contexto histórico-literário da obra “A Moreninha” e seu autor, analise as afirmações a seguir.
I.Joaquim Manuel de Macedo foi o primeiro romancista a alcançar sucesso junto ao novo público romântico formado por jovens senhoras e estudantes.
II.O contexto da publicação da obra revela um Rio de Janeiro imperial e seus costumes urbanos.
III. A burguesia mantém-se como personagem e consumidor dos romances românticos, fato esse herdado da estética literária anterior.
Quais são corretas?
A) Apenas I            B Apenas I e II.       C) Apenas II e III.    D) Apenas I e III.      E ) I, II e III.

11.(UFP)Em linhas gerais, o romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, é:
a) o relato de uma história de fidelidade ao amor de infância, na sociedade brasileira do século passado.
b) a crônica de um caso amoroso ocorrido em fins do século XVII nas imediações do Rio de Janeiro.
c) uma história baseada no problema da escravidão, na sociedade brasileira do Segundo Império.
d) a história dramática de uma heroína às voltas com um amor impossível.
 e) uma história que mostra a oposição Roça/Corte no século passado, através de um episódio amoroso.
 12.(ARL) Analise as afirmações abaixo sobre o escritor Joaquim Manuel de Macedo.
 I- Joaquim Manuel de Macedo foi médico, político,  professor, romancista, teatrólogo e poeta, numa época  de euforia da burguesia, classe social dominante, em  pleno Brasil pós independente.
II- Foi aceito de imediato pelo público porque explorou  com muita felicidade a “psicologia feminina e a  sociedade da época” bem como por usar a linguagem  do leitor.
III- Retratou a elite brasileira da corte com alguns tipos  inconfundíveis: os estudantes, a moça namoradeira, a  criada intrometida, a avó carinhosa, a senhora  fofoqueira, todos eles envolvidos em cenas que se  desenrolam em espaços claramente brasileiros (a Ilha
de Paquetá, as matas da Tijuca, os espaços urbanos  do Rio de Janeiro.
 Quais são corretas?
A) Apenas I.            B) Apenas I e II.      C) Apenas II e III.    D) Apenas I e III.     E) I, II e III.

12

O excerto a seguir foi extraído da obra “Noite na Taverna”, livro de contos escritos pelo poeta ultrarromântico Álvares de Azevedo (1831-1852).
“Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito dela a condessa Bárbara. Dei um último olhar àquela forma nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia nos lábios úmidos, gemendo ainda nos sonhos como na agonia voluptuosa do amor. Saí. Não sei se a noite era límpida ou negra; sei apenas que a cabeça me escaldava de embriaguez. As taças tinham ficado vazias na mesa: aos lábios daquela criatura eu bebera até a última gota o vinho do deleite…
Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios brancos entre as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão entreaberto. Abri-o: era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal apertados… Era uma defunta!… e aqueles traços todos me lembravam uma ideia perdida… — era o anjo do cemitério! Cerrei as portas da igreja, que, eu ignoro por quê, eu achara abertas. Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão. Pesava como chumbo…”          (São Paulo: Moderna, 1997, p. 23)
Com relação ao fragmento acima, afirma-se:
I) Acentua traços característicos da literatura romântica, como o subjetivismo, o egocentrismo e o sentimentalismo; ao contrário, despreza o nacionalismo e o indianismo, temas característicos da primeira geração romântica.
II) Idealiza figuras imaginárias, mulheres incorpóreas ou virgens, personagens que confirmam o amor inatingível, idealizado na literatura ultrarromântica. Desta forma, no 1o parágrafo, o amor platônico não é superado pelo amor físico.
III)      Tematiza a morte, presente em grande parte da obra do autor.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas I está correta.      d)         Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas. e)         Apenas I e III estão corretas.
c) I, II e III estão corretas.

 13

Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno-me vaporoso ... e só de ver-te
Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.
(Álvares de Azevedo, “Luar de verão”, Lira dos vinte anos)
Nesse excerto, o eu lírico parece aderir com intensidade aos temas de que fala, mas revela, de imediato, desinteresse e tédio. Essa atitude do eu lírico manifesta a:
a) ironia romântica.
b) tendência romântica ao misticismo.
c) melancolia romântica.
d) aversão dos românticos à natureza.
e) fuga romântica para o sonho.



domingo, 17 de fevereiro de 2019

Modernismo português

MODERNISMO PORTUGUÊS

  
MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram!  
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena.  
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa


 CONTEXTO DO MODERNISMO PORTUGUÊS
Resultado de imagem para ASSASSINATO DO REI DE PORTUGAL     Em Portugal esse período foi muito difícil, porque, com a guerra, estavam em jogo as colônias africanas, que já vinham sendo cobiçadas pelas grandes potências desde o final do séc. XIX, quando a Inglaterra deu um Ultimato a Portugal. Aliado a isso, em 1911, foi Promulgado a Constituição e Manuel de Arriaga, eleito o primeiro presidente da Republico
     Assassinato de D. Carlos e seu filho D. Luis Felipe em 1908
     Os primeiros anos do governo republicano foram marcados por profundas crises, que geraram duas atitudes opostas: uma nacionalista, favorável à nova forma de governo e outra, do grupo de oposição, os integralistas, que defendiam as ideias do nazi-fascismo emergentes na Europa.
     Sebastianismo
     Em 1910 foi proclamada a República de Portugal.
     1926, os direitistas tomaram o poder por um golpe militar de Antônio de Oliveira Salazar, deposto em 1974 pela revolução dos Cravos


INÍCIO DO MODERNISMO PORTUGUÊS
O MODERNISMO em Portugal tem seu início oficial no ano de 1915, quando um grupo de escritores e artistas plásticos lança o primeiro número da "Orpheu", revista trimestral de literatura. Esse grupo é composto por Mário de SáCarneiro, Raul Leal, Luís de Montalvor, Almada Negreiros o brasileiro Ronald de Carvalho e, entre outros, o fantástico e polêmico, Fernando Pessoa e seus heterônimos (Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro). 

REVISTA ORPHEU (1915)

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  •  Objetivos: 
    • Chocar a burguesia com sua obra irreverente (poesias sem metro, exaltando a modernidade);  
    • Tirar Portugal de seu descompasso com a vanguarda do resto da Europa.
  •  Principais Poetas: 


domingo, 2 de dezembro de 2018

Exercícios sobre Gênero Lírico e dramático


1

Releia a quarta estrofe do poema:

Sem chuva na terra
descamba janeiro
até fevereiro
no mesmo verão
reclama o roceiro
dizendo consigo:
meu Deus é castigo
não chove mais não
Assinale a alternativa que apresenta todas as informações corretas acerca da construção da estrofe, no tocante ao número de versos, número de sílabas de cada verso e esquema de rimas:

A) oitava, cinco, ABBCBDDC
B) oitava, sete, ABBCBDDC
C) oitava, cinco, ABBCADDC
D) décima, seis, ABBCADDC
E) décima, sete, ABBCBDDC



2






5
Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos naturais,
e dos estrangeiros madre:

Dizei-me por vida vossa





10
em que fundais o ditame
de exaltar os que aqui vêm,
e abater os que aqui nascem?

Se o fazeis pelo interesse
de que os estranhos vos gabem,





15
isso os paisanos fariam
com conhecidas vantagens.

E suposto que os louvores
em boca própria não valem,
se tem força esta sentença,





20
mor força terá a verdade.

O certo é, pátria minha,
que fostes terra de alarves,
e inda os ressábios vos duram
desse tempo e dessa idade.






25

Haverá duzentos anos,
nem tantos podem contar-se,
que éreis uma aldeia pobre
e hoje sois rica cidade.

Então vos pisavam índios,

e vos habitavam cafres,
hoje chispais fidalguias,
arrojando personagens.

Nota: entenda-se “Bahia” como cidade.

Gregório de Matos

Vocabulário
alarves - que ou quem é rústico, abrutado, grosseiro, ignorante; que ou o que é tolo, parvo, estúpido.
ressábios - sabor; gosto que se tem depois.
cafres - indivíduo de raça negra.

Todas as afirmativas sobre a construção estética ou a produção textual do poema de Gregório de Matos (Texto) estão adequadas, EXCETO uma. Assinale-a.

(A) Existem antíteses, características de textos no período barroco.
(B) Há uma personificação, pois a Bahia, ser inanimado, é tratada como ser vivo.
(C) A ausência de métrica aproxima o poema do Modernismo.
(D) O eu lírico usa o vocativo, transformando a Bahia em sua interlocutora.
(E) Há diferença de tratamento para os habitantes locais e os estrangeiros.

3

Vila Rica

O ouro fulvo* do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos* de ouro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre,
O último ouro de sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião, que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,

Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.

Olavo Bilac

*Glossário:
“fulvo”: de cor alaranjada.
“laivos”: marcas; manchas; desenhos estreitos e coloridos nas pedras; restos ou vestígios.

Dentre os diversos recursos expressivos presentes no texto, pode-se apontar o emprego concomitante de um verbo onomatopaico e de aliteração no verso

A) dois.
B) onze.
C) oito.
D) catorze.
E) quatro.



4

A questão se baseia num poema de Florbela Espanca.

Esquecimento

Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...
E desse que era meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...!
Florbela Espanca

Na última estrofe, o eu lírico expressa, por meio de

(A) hipérboles, a dificuldade de se tentar esquecer um grande amor.
(B) metáforas, a forma de se esquecer plenamente a pessoa amada.
(C) eufemismos, as contradições do amor e os sofrimentos dele decorrentes.
(D) metonímias, o bem-estar ligado a amar e querer esquecer.
(E) paradoxos, a impossibilidade de o esquecimento ser levado a cabo.



5

Considere o poema a seguir, "A cantiga", de Adélia Prado:

"Ai cigana ciganinha,
ciganinha, meu amor".
Quando escutei essa cantiga
era hora do almoço, há muitos anos.
A voz da mulher cantando vinha de uma cozinha,
ai ciganinha, a voz de bambu rachado
continua tinindo, esganiçada, linda,
viaja pra dentro de mim, o meu ouvido cada vez melhor.
Canta, canta, mulher, vai polindo o cristal,
canta mais, canta que eu acho minha mãe,
meu vestido estampado, meu pai tirando boia da panela,
canta que eu acho minha vida.
(Em: Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.)

Acerca desse poema, é INCORRETO afirmar que

A ( ) a poeta tem consciência de que seu passado é irremediavelmente perdido.
B ( ) existe um tom nostálgico, e um saudosismo de raiz romântica.
C ( ) a cantiga faz com que a poeta reviva uma série de lembranças afetivas.
D ( ) predomina o tom confessional e o caráter autobiográfico.
E ( ) valoriza os elementos da cultura popular, também uma herança romântica.




6

Bebida é água
Comida é pasto
Você tem fome de quê?
Você tem sede de quê? [...]”.
A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão e balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer.
[...]
(Comida, Titãs).

Figuras de linguagem é uma forma de expressão que consiste no emprego de palavras em sentido diferente daquele em que convencionalmente são empregadas. Na frase “Comida é pasto”, a palavra pasto foi empregada como:

a. Metonímia.
b. Metáfora.
c. Hipérbole.
d. Eufemismo.
e. Prosopopeia.