Questões da C1H1


Questão 1

O texto a seguir é um trecho de uma conversa por meio de um programa de computador que permite comunicação direta pela Internet em tempo real, como o MSN Messenger. Esse tipo de conversa, embora escrita, apresenta muitas características da linguagem falada, segundo alguns linguistas. Uma delas é a interação ao vivo e imediata, que permite ao interlocutor conhecer, quase instantaneamente, a reação do outro, por meio de suas respostas e dos famosos emotícons (que podem ser definidos como "ícones que demonstram emoção").

João diz: oi

Pedro diz: blz? 

João diz: na paz e vc?
Pedro diz: tudo trank
João diz: oq vc ta fazendo?

[ ... ]

Pedro diz: tenho q sair agora ...

João diz: flw

Pedro diz: vlw, abc

Para que a comunicação, como no MSN se dê em tempo real, é necessário que a escrita das informações seja rápida, o que é feito por meio de

(A) frases completas, escritas cuidadosamente com acentos e letras maiúsculas (como "oq vc ta fazendo?").

(B) frases curtas e simples (como "tudo trank") com abreviaturas padronizadas pelo uso (como "vc" - você – ­"vlw" - valeu!).

(C) uso de reticências no final da frase, para que não se tenha que escrever o resto da informação.

(D) estruturas coordenadas, como "na paz e vc".

(E) flexão verbal rica e substituição de dígrafos consonantais por consoantes simples ("qu" por "k").

Questão 2

Texto 1
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
[ ... ]

ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2000.(fragmento)

Texto 2


DAVIS, J. Garfield, um charme de gato – 7. Trad. da Agência Internacional Press. Porto Alegre: L&PM, 2000.

A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que

(A) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em quadrinho.
(B) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas Iinguísticas o tornam uma réplica do texto 1.
(C) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes ao mesmo gênero.
(D) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com finalidades distintas.
(E) as linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-Ias como pertencentes ao mesmo gênero.

Questão 3

Concordo plenamente com o artigo "Revolucione a sala de aula". É preciso que valorizemos o ser humano, seja ele estudante, seja professor. Acredito na importância de aprender a respeitar nossos limites e superá-los, quando possível, o que será mais fácil se pudermos desenvolver a capacidade de relacionamento em sala de aula. Como arquiteta, concordo com a postura de valorização do indivíduo, em qualquer situação: se procurarmos uma relação de respeito e colaboração, seguramente estaremos criando a base sólida de uma vida melhor.

Tania Bertoluci de Souza
Porto Alegre, RS
Disponível em: <:http://www.kanitz.com.br/veja/cartas.htm>.
Acesso em: 2 maio 2009 (com adaptações).

Em uma sociedade letrada como a nossa, são construídos textos diversos para dar conta das necessidades cotidianas de comunicação. Assim, para utilizar-se de algum gênero textual, é preciso que conheçamos os seus elementos. A carta de leitor é um gênero textual que

(A) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizado pela tipologia da ordem da injunção (comando) e estilo de linguagem com alto grau de formalidade.

(B) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de descrever os assuntos e temas que circularam nos jornais e revistas do país semanalmente.

(C) se organiza por uma estrutura de elementos bastante flexível em que o locutor encaminha a ampliação dos temas tratados para o veículo de comunicação.

(D) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da variedade não padrão da língua e tema construído por fatos políticos.

(E) se organiza em torno de um tema, de um estilo e em forma de paragrafação, representando, em conjunto, as ideias e opiniões de locutores que interagem diretamente com o veículo de comunicação.

Questão 4



Os principais recursos utilizados para envolvimento e adesão do leitor à campanha institucional incluem

A o emprego de enumeração de itens e apresentação de títulos expressivos.
B o uso de orações subordinadas condicionais e temporais.
C o emprego de pronomes como “você” e “sua” e o uso do imperativo.
D a construção de figuras metafóricas e o uso de repetição.
E o fornecimento de número de telefone gratuito para contato.

Questão 5

1
Foi tão grande e variado o número de e-mails, telefonemas e abordagens pessoais que recebi depois de escrever que família deveria ser careta, que resolvi voltar ao assunto, para alegria dos que gostaram e náusea dos que não concordaram ou não entenderam (ai da unanimidade, mãe dos medíocres). Atenção: na minha coluna não usei “careta” como quadrado, estreito, alienado, fiscalizador e moralista, mas humano, aberto,
5
atento, cuidadoso. Obviamente empreguei esse termo de propósito, para enfatizar o que desejava.
Houve quem dissesse que minha posição naquele artigo é politicamente conservadora demais. Pensei em responder que minha opinião sobre família nada tem a ver com postura política, eu que me considero um animal apolítico no sentido de partido ou de conceitos superados, como “a esquerda é inteligente e boa, a direita é grossa e arrogante”. Mas, na verdade, tudo o que fazemos, até a forma como nos vestimos e
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moramos, é altamente político, no sentido amplo de interesse no justo e no bom, e coerência com isso.
E assim, sem me pensar de direita ou de esquerda, por ser interessada na minha comunidade, no meu país, no outro em geral, em tudo o que faço e escrevo (também na ficção), mostro que sou pelos desvalidos. Não apenas no sentido econômico, mas emocional e psíquico: os sem auto-estima, sem amor, sem sentido de vida, sem esperança e sem projetos.
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O que tem isso a ver com minha idéia de família? Tem a ver, porque é nela que tudo começa, embora não seja restrito a ela. Pois muito se confunde família frouxa (o que significa sem atenção), descuidada (o que significa sem amor), desorganizada (o que significa aflição estéril) com o politicamente correto. Diga-se de passagem que acho o politicamente correto burro e fascista.
Voltando à família: acredito profundamente que ter filho é ser responsável, que educar filho é observar,
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apoiar, dar colo de mãe e ombro de pai, quando preciso. E é também deixar aquele ser humano crescer e desabrochar. Não solto, não desorientado e desamparado, mas amado com verdade e sensatez. Respeitado e cuidado, num equilíbrio amoroso dessas duas coisas. Vão me perguntar o que é esse equilíbrio, e terei de responder que cada um sabe o que é, ou sabe qual é seu equilíbrio possível. Quem não souber que não tenha filhos.
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Também me perguntaram se nunca se justifica revirar gavetas e mexer em bolsos de adolescentes. Eventualmente, quando há suspeita séria de perigos como drogas, a relação familiar pode virar um campo de graves conflitos, e muita coisa antes impensável passa a se justificar. Deixar inteiramente à vontade um filho com problema de drogas é trágica omissão.
Assim como não considero bons pais ou mães os cobradores ou policialescos, também não acho que os
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do tipo “amiguinho” sejam muito bons pais. Repito: pais que não sabem onde estão seus filhos de 12 ou 14 anos, que nunca se interessaram pelo que acontece nas festinhas (mesmo infantis), que não conhecem nomes de amigos ou da família com quem seus filhos passam fins de semana (não me refiro a nomes importantes, mas a seres humanos confiáveis), que nada sabem de sua vida escolar, estão sendo tragicamente irresponsáveis. Pais que não arranjam tempo paraestar com os filhos, para saber deles, para conversar com
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eles... não tenham filhos. Pois, na hora da angústia, não são os amiguinhos que vão orientá-los e ampará-los, mas o pai e a mãe – se tiverem cacife. O que inclui risco, perplexidade, medo, consciência de não sermos infalíveis nem onipotentes. Perdoem-me os pais que se queixam (são tantos!) de que os filhos são um fardo, de que falta tempo, falta dinheiro, falta paciência e falta entendimento do que se passa – receio que o fardo, o obstáculo e o estorvo a um crescimento saudável dos filhos sejam eles.
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Mães que se orgulham de vestir a roupeta da filha adolescente, de frequentar os mesmos lugares e até de conquistar os colegas delas são patéticas. Pais que se consideram parceiros apenas porque bancam os garotões, idem. Nada melhor do que uma casa onde se escutam risadas e se curte estar junto, onde reina a liberdade possível. Nada pior do que a falta de uma autoridade amorosa e firme.
O tema é controverso, mas o bom senso, meio fora de moda, é mais importante do que livros e revistas
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com receitas de como criar filho (como agarrar seu homem, como enlouquecer sua amante...). É no velhíssimo instinto, na observação atenta e na escuta interessada que resta a esperança. Se não podemos evitar desgraças – porque não somos deuses –, é possível preparar melhor esses que amamos para enfrentar seus naturais conflitos, fazendo melhores escolhas vida afora.
(Lya Luft. Veja, 06/06/2007)

Indique a opção em que o MAS tem função aditiva.

A ( ) Atenção: na minha coluna não usei "careta" como quadrado, estreito, alienado, fiscalizador e moralista, mas humano, aberto, atento, cuidadoso. (linhas 3 a 5)
B ( ) Não apenas no sentido econômico, mas emocional e psíquico: os sem auto-estima, sem amor, sem sentido de vida, sem esperança e sem projetos. (linhas 13 e 14)
C ( ) Não solto, não desorientado e desamparado, mas amado com verdade e sensatez. (linha 21)
D ( ) [...] (não me refiro a nomes importantes, mas a seres humanos confiáveis) [...]. (linhas 32 e 33)
E ( ) Pois, na hora da angústia, não são os amiguinhos que vão orientá-los e ampará-los, mas o pai e a mãe – se tiverem cacife. (linhas 35 e 36)

Questão 6

“Dono de um amor sublime / Mas culpado por querê-la / Como quem a olha na vitrine / Mas jamais poderá tê-la.”
Na construção da textualidade dos versos da canção, qual a função do conectivo “Mas” nas suas duas ocorrências, no trecho?

a) Adicionar argumentos a favor de uma mesma conclusão sobre o amor.
b) Introduzir a justificativa para a impossibilidade de realização do amor.
c) Exercer contradição em relação às ideias anteriores.
d) Substituir sinais de pontuação na estrutura sintática dos versos.

Questão 7

01
Os jogos pan-americanos são uma versão continental
dos jogos olímpicos. A primeira disputa, planejada para
ocorrer em 1942, foi cancelada por causa da Segunda Guerra
e só veio a ocorrer em 1951, na Argentina. Em 2007, o Brasil
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sediou a competição, e o Rio de Janeiro foi o privilegiado
cenário natural (e já não tão privilegiado cenário urbano) para
milhares de atletas porem à prova o máximo de empenho
físico, de habilidades, de concentração mental. Megaevento,
requisitou altíssimos investimentos em ginásios, quadras,
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velódromos, pistas, aparelhos etc. A construção civil,
transportes, serviços de turismo, sistemas de segurança, toda
uma ampla capacitação de infraestrutura foi acionada –
patrimônio de que os segmentos menos favorecidos da
população deverão passar a desfrutar.
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Nas cerimônias de abertura e encerramento, o
campo central do Maracanã e uma montagem de planos em
espiral constituíram o grande palco para um show de
músicas, coreografias e apresentações dramáticas. Mil
poderosos spots de luz, espelhados pela cobertura, criaram
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efeitos de iluminação. No desfile das delegações, potências
econômicas e países pequeninos juntaram-se num grande
cortejo – inspiração, sempre, para um convívio internacional
que vá além das metas econômicas da globalização.
Mas a atenção de todos, durante o período da
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competição, estava focada nos atletas. Desempenhos tão
diversos, como os exigidos pelo atletismo, pela canoagem,
pela ginástica, pela natação ou pelo levantamento de peso,
exigem muito mais que saúde: requerem sacrifício, levam à
exaustão muscular, forçam os limites da resistência
30
emocional. “Sem dor, não há sucesso” – admitem muitos
atletas. Alguns caem na tentação do doping, apelando para
elementos sintéticos, cuja interferência hormonal aumenta a
força física e mascara a fadiga muscular. Por isso, há exames
específicos para detectar substâncias que, por exemplo,
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estimulem a produção de glóbulos vermelhos e a oxigenação.
Mas a imensa maioria dos competidores faz jus à ética que
norteou, desde a origem, os jogos olímpicos da Grécia, e não
admite esse tipo de estimulação química.
Dentre as tantas modalidades, algumas cativam de
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modo especial o público presente e os milhões de
telespectadores, seja pela plasticidade dos movimentos, por
alguma reminiscência evocada na história da nossa
civilização, pelo grau de perfeição que exige em seu
desempenho. O tiro com arco e a esgrima nos transportam
45
para as batalhas do mundo antigo, para as cruzadas, para os
pátios dos castelos feudais; a canoagem e a natação eram
atividades dos nossos nativos (lembrar o herói Peri, de José
de Alencar); o tênis e hóquei sobre grama associam-se à
aristocracia e ao império britânico, enquanto o boxe e o
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futebol são possibilidades abertas para as classes mais
pobres. O ciclismo, em tempos de efeito estufa, ganhou
sentido ecológico; o judô, indissociável da disciplina e da
mentalização orientais, não dispensa a civilidade ritualizada
dos contendores. No levantamento de peso, o tipo físico dos
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descendentes de vikings faz a diferença; e no mar, as velas
das embarcações remontam a odisseias e descobrimentos. A
bola, que está no centro de tantos jogos, deve cumprir um
sem-número de funções: evitar ou estufar uma rede, cair
numa cesta, ir de mão em mão ou de pé em pé, equilibrar-se,
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atirar-se, subir e descer, na água, no ar, na terra: sua
geometria mágica estimula nossa imaginação. Mas é no
atletismo que o homem se depara com suas aspirações
básicas: salta, voa, dança, contorce-se, equilibra-se,
imobiliza-se, projeta-se, controla-se – são simples atividades
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físicas ou, também, metáforas e símbolos?
O evento que a mídia traz para nossas casas
lembra nossa natureza lúdica primitiva: o homem brinca e
joga, enquanto disputa. Há algo de bélico e de arte pura
nesses duros embates. Em sã consciência, nenhum médico
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recomenda práticas em tal nível de competição. Mas o
“politicamente correto” da saúde, que se tornou uma espécie
de obsessão da vida e do consumo modernos, não afasta os
atletas da zona de risco das entorses, das fraturas, das
sequelas várias: as medalhas brilham, os símbolos nacionais
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são agitados, e a glória da conquista pessoal que se estende
a um povo justifica o esforço tremendo. É verdade que as
celebrações das massas impulsionadas por sentimento
nacionalista podem trazer à memória espetáculos fascistas,
mas em jogos como os pan-americanos o que se celebra é o
80
encontro, e não a exclusão de povos.
O próximo evento será no México: já se adivinha que
não faltarão à cerimônia de abertura evocações dos astecas,
cuja admirável cultura sucumbiu à força do colonizador
espanhol. Essas recuperações da memória histórica, que
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incluem a tragédia dos vencidos, deveriam ser uma
advertência e um freio ao instinto beligerante do homem.
Menos mal que, durante as competições esportivas
internacionais, o que seria o inimigo se transforma em
simples adversário, e o combate mortal se reduz ao jogo, com
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regras bem estabelecidas num acordo entre as partes. Para
nós, brasileiros, a imagem de um Rio em festa suspendeu
momentaneamente aquelas cenas de guerra que parecem
delimitar uma cruel geografia social – morro e orla, centro e
periferia – e que, lamentavelmente, já se banalizaram. É
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pouco; mas é muito sugestivo que seja possível, ainda que
por curto lapso de tempo, as diferenças convergirem para um
interesse comum.

Rinaldo Barreiro
 
Considerado o parágrafo 4, é correto afirmar:

a) O segmento "seja pela plasticidade dos movimentos, por alguma reminiscência evocada na história da nossa civilização, pelo grau de perfeição que exige em seu desempenho" expressa ideia de alternância, sem que implique exclusão. (linhas 41 a 44)

b) O segmento "que exige em seu desempenho" tem valor de adjetivo, indicando uma qualidade acessória, dispensável ao sentido essencial da frase. (linhas 43 e 44)

c) Transpondo para a voz passiva a frase "O tiro com arco e a esgrima nos transportam para as batalhas do mundo antigo", a forma verbal obtida é “fomos transportados”. (linhas 44 e 45)

d) Em "nos transportam para as batalhas do mundo antigo", a preposição destacada introduz termo que expressa a mesma circunstância do segmento introduzido pela mesma preposição em “Leio em voz alta para entender melhor”. (linhas 44 e 45)

e) A locução verbal "deve cumprir" expressa ação que ocorre em momento anterior ao da fala do autor do texto. (linha 57)

Questão 9

Com licença poética

­­01
Quando nasci um anjo esbelto,
02
Desses que tocam trombeta, anunciou:
03
Vai carregar bandeira.
04
Cargo muito pesado para mulher,
05
Esta espécie ainda envergonhada.
06
Aceito subterfúgios que me cabem,
­­07
Sem precisar mentir.
08
Não sou tão feia que não possa casar,
09
Acho o Rio de Janeiro uma beleza e
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Ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
11
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
12
Inauguro linhagens, fundo reinos
13
– dor não é amargura.
14
Minha tristeza não tem pedigree,
15
Já minha vontade de alegria,
16
Sua raiz vai ao meu mil avô.
17
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
18
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Adélia Prado. Bagagem. 24 ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record, 2007. p. 9.

O verso Já a minha vontade de alegria (linha 15) constitui um anacoluto. Sobre esse fenômeno linguístico são feitas as seguintes afirmações:

I. É um termo que, isolado na frase, não tem função sintática.
II. Põe em evidência a ideia transmitida.
III. É um recurso da linguagem oral, aproveitado pela linguagem literária.
 
Está correto o que se afirma em

A) I e II, apenas.
B) I, II e III.
C) II e III, apenas.
D) III, apenas.

Questão 10

Leia a charge e analise as afirmações.




I. Ao utilizar a expressão “Puxa”, o personagem revela surpresa em relação às informações lidas.

II. Seria mantido o sentido da charge com a mudança da palavra na frase: “Aqui diz que o Brasil não teve um IDH melhor por causa da educação!”.

III. A fala do segundo personagem funciona como uma comprovação ao primeiro em relação às informações lidas no jornal.

Está correto o que se afirma em

(A) I apenas.
(B) II apenas.
(C) I e III apenas.
(D) II e III apenas.
(E) I, II e III.

Questão 11

Para responder à questão, leia os versos de Castro Alves.

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doidas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

Observe a palavra “se” nos versos:

I. E ri-se a orquestra irônica, estridente...
II. Se o velho arqueja...
III. Ouvem-se gritos... o chicote estala.

A palavra “se” pode ser excluída sem prejuízo de sentido ao enunciado apenas em

(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.

Questão 12

Um novo A B C
1
Aquela velha carta de A B C dava
2
arrepios. Três faixas verticais borravam a
3
capa, duras, antipáticas; e, fugindo a elas,
4
encontrávamos num papel de embrulho o
5
alfabeto, sílabas, frases soltas e afinal
6
máximas sisudas.
7
Suportávamos esses horrores como um
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castigo e inutilizávamos as folhas
9
percorridas, esperando sempre que as
10
coisas melhorassem. Engano: as letras eram
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pequeninas e feias; o exercício da
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soletração, cantado, embrutecia a gente; os
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provérbios, os graves conselhos morais
14
ficavam impenetráveis, apesar dos esforços
15
dos mestres arreliados, dos puxavantes de
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orelhas e da palmatória.
17
“A preguiça é a chave da pobreza”,
18
afirmava-se ali. Que espécie de chave seria
19
aquela? Aos seis anos, eu e os meus
20
companheiros de infelicidade escolar, quase
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todos pobres, não conhecíamos a pobreza
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pelo nome e tínhamos poucas chaves, de
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gavetas, de armários e de portas. Chave de
24
pobreza para uma criança de seis anos é
25
terrível.
26
Nessa medonha carta, que rasgávamos
27
com prazer, salvam-se algumas linhas.
28
“Paulina mastigou pimenta.” Bem.
29
Conhecíamos pimenta e achávamos natural
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que a língua de Paulina estivesse ardendo.
31
Mas que teria acontecido depois? Essa
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história contada em três palavras não nos
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satisfazia, precisávamos saber mais alguma
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coisa a respeito da aventura de Paulina.
35
O que ofereciam, porém, à nossa
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curiosidade infantil eram conceitos idiotas:
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“Fala pouco e bem: ter-te-ão por alguém”.
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Ter-te-ão! Esse Terteão para mim era um
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homem, e nunca pude compreender o que
40
ele fazia na última página do odioso folheto.
41
Éramos realmente uns pirralhos bastante
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desgraçados.
43
Marques Rebelo enviou-me há dias um A
44
B C novo. Recebendo-o, lembrei-me com
45
amargura da chave da pobreza e do
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Terteão, que ainda circulam no interior.
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A capa da brochura que hoje me aparece
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tem uns balões — e logo aí o futuro cidadão
49
aprende algumas letras. Na primeira folha,
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em tabuleiros de xadrez de casas brancas e
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vermelhas, procurou-se a melhor maneira
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de impingir aos inocentes essa coisa
53
desagradável que é o alfabeto. O resto do
54
livro encerra pedaços de vida de um casal
55
de crianças. João e Maria regam flores,
56
bebem leite, brincam na praia, jogam bola,
57
passeiam em bicicleta, nadam, apanham
58
legumes, vão ao Jardim Zoológico.
59
Tudo isso é dito em poucas palavras,
60
como na história de Paulina, que mastigava
61
pimentas na velha carta de A B C. Mas
62
enquanto ali o caso se narrava com letras
63
miúdas e safadas, em papel de embrulho,
64
aqui as brincadeiras e as ocupações das
65
personagens se contam em bonitas legendas
66
e principalmente em desenhos cheios de
67
pormenores que a narração curta não
68
poderia conter.
(............................................................)
Abril, 1938.
(Graciliano Ramos. Linhas tortas. Obra póstuma. p.174-175.)
Atente ao que se diz sobre a partícula Bem, na linha 28.
I. É um elemento ligado ao discurso, às condições da enunciação e não tem relação sintática com os outros termos do texto.
II. Revela uma disposição do enunciador: uma aceitação do que está sendo dito.
III. É uma partícula mais usada no texto escrito.
Está correto o que se diz apenas em
A) III.
B) II e III.
C) I e III.
D) I e II.