Questões sobre a Literatura do século XIX II - PSC 2


 1.   Leia os versos a seguir:

I.    “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
        Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,  
       Que, para ouvi-las, muita vez desperto              
       E abro as janelas, pálido de espanto...

II.   Vês? Ninguém assistiu ao formidável    
      Enterro de tua última quimera.  
      Somente a Ingratidão – esta pantera –           
      Foi tua companheira inseparável!

III. Pálida, à luz da lâmpada sombria,         
      Sobre o leito de flores reclinada,           
      Como a lua por noite embalsamada,
      Entre as nuvens do amor ela dormia!


Os versos anteriores constituem a estrofe primeira de famosíssimos poemas da Literatura Brasileira. Seus autores são, respectivamente:

a)   Olavo Bilac, Alphonsus de Guimaraens, Alberto de Oliveira
b)   Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Álvares de Azevedo
c)   Gonçalves Dias, Cruz e Sousa, Castro Alves
d)   Gonçalves Dias, Augusto dos Anjos, Alberto de Oliveira
e)   Gonçalves Dias, Alphonsus de Guimaraens, Álvares de Azevedo

2.   Assinale a opção cujos versos, pelas características que apresentam (como objetividade e aspectos dissertativos), se caracterizam como parnasianos:

a)   Olha estas velhas árvores, mais belas
            Do que as árvores novas, mais amigas:            
           Tanto mais belas quanto mais antigas  
           Vencedoras da idade e das procelas...

b)   Derrama luz e cânticos e poemas
            No verso e torna-o musical e doce
            Como se o coração, nessas supremas  
            Estrofes, puro e diluído fosse.

c)   Ó cisnes brancos, cisnes brancos,        
     Por que viestes, se era tão tarde?        
     O sol não beija mais os flancos              
     Da Montanha onde mora a tarde.

d)   Mãos de finada, aquelas mãos de neve,            
     De tons marfíneos, de ossatura rica,
     Pairando no ar, num gesto brando e leve,          
     Que parece ordenar, mas que suplica.

e)   Ah! Toda a Alma num cárcere anda presa,        
     Soluçando nas trevas, entre as grades 
     Do calabouço olhando imensidades,   
     Mares, estrelas, tardes, natureza.

3.   O trecho abaixo foi extraído do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo:

Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam por ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo que sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa.
Hábil menina é ela! Nunca seu amor-próprio produziu com tanto estudo seu toucador e, contudo, dirse-ia que o gênio da simplicidade a penteara e vestira. Enquanto as outras moças haviam esgotado a paciência de seus cabeleireiros, posto em tributo toda a habilidade das modistas da Rua do Ouvidor e coberto seus colos com as mais ricas e preciosas joias, D. Carolina dividiu seus cabelos em duas tranças, que deixou cair pelas costas; não quis ornar o pescoço com seu adereço de brilhantes nem com seu lindo colar de esmeraldas; vestiu um finíssimo, mas simples vestido de garça, que até pecava contra a moda reinante, por não ser sobejamente comprido. Vindo assim aparecer na sala, arrebatou todas as vistas e atenções.
Porém, se um atento observador a estudasse, descobriria que ela adrede se mostrava assim, para ostentar as longas e ondeadas madeixas negras, em belo contraste com a alvura de seu vestido branco, e para mostrar, todo nu, elevado colo de alabastro.

A partir do excerto acima, afirma-se:

I.    Observa-se nele uma das características românticas mais marcantes: a idealização da mulher, como forma de valorizá-la.
II.   Como o público consumidor de folhetins era, basicamente, o feminino, os escritores procuravam descrever o vestuário das heroínas dos romances.
III.  Os ambientes dos romances urbanos eram, em maioria, burgueses, pois a descrição de espaços miseráveis não atrairia público para os folhetins.
IV. D. Carolina, chamada de Moreninha, para sobressair na festa, opta pela simplicidade, conseguindo, com esse artifício, o destaque que desejara.
V.  O “colo de alabastro” revela que a Moreninha era branca, pois alabastro é uma pedra de cor clara; sendo assim, seu apelido se justifica no sentido europeu, a de ser branca com cabelos negros.

Assinale a afirmativa correta:

a)   Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas
b)   Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas
c)   Somente as afirmativas II, III e V estão corretas
d)   Somente as afirmativas II, IV e V estão corretas
e)   Todas as afirmativas estão corretas

4.   Assinale a opção que se refere corretamente à obra de Machado de Assis:

a)   Possui como características, dentre outras, o gosto pelo filosofar, a ironia amarga e a reflexão em torno do trágico da condição humana.
b)   Buscou criar personagens e situações significativas, que fugissem do que se considerava a normalidade, em favor de aspectos da patologia social.
c)   Orientado pela crença de que a Ciência era o sumo saber, procurou mostrar que os conflitos pessoais tinham origem no meio e na raça do indivíduo.
d)  Vários de seus romances, de cunho históricoa)   procuram dar uma nova versão aos fatos do passado, neles se valorizando os que foram derrotados.
e)   Nos romances considerados sertanistas, valoriza sobremaneira a natureza nacional, como forma de se opor às influências europeias em nossa cultura. 

5.   Sua ação se passa em Mato Grosso, onde habitam Pereira e sua filha, jovem prometida ao vaqueiro Manecão. Depois da chegada de Cirino, que fazia o papel de médico, explode um drama de amor entre este e a moça, com consequências trágicas e irreversíveis. Estamos falando do romance:

a)   A Normalista, de Adolfo Caminha
b)   Rosaura, a enjeitada, de Bernardo Guimarães
c)   Inocência, do Visconde de Taunay
d)   A Pata da gazela, de José de Alencar
e)   Clara dos Anjos, de Lima Barreto

6.   Das frases abaixo, apenas uma NÃO se refere a Os Sertões, a obra-prima de Euclides da Cunha.
Assinale-a:

a)   Divide-se em três partes, as quais, pela ordem, estudam o homem nordestino, o meio físico e as escaramuças entre os revoltosos e as tropas do governo.
b)   Foi produzido a partir de uma série de reportagens sobre a Campanha de Canudos, que ocorreu na Bahia no final do século XIX.
c)   A obra não possui matrizes exclusivamente literárias, abrindo-se para outros gêneros, como a sociologia, a geografia e a história.
d)   O embasamento científico da obra funcionou como freio ao sentimentalismo romanesco, evitando, com isso, episódios imaginários próprios da ficção.
e)   A figura central é Antônio Conselheiro, chefe carismático de uma multidão de fanáticos religiosos.

7 O principal representante do Naturalismo no Amazonas é um livro que mereceu de Euclides da Cunha, que fez o prefácio, o seguinte comentário, dentre outros: “A sua impressionabilidade artística tentou abranger o conjunto da terra e surpreender lhe a vida maravilhosa. Deve assombrar-nos. Não lhe entendemos o exagerado panteísmo. O escritor alarma-nos nas mais simples descrições naturais”. Composto de onze contos, esse livro e seu autor são, respectivamente:

a)    Os selvagens, de Francisco Gomes de Amorim
b)    Contos amazônicos, de Inglês de Sousa
c)     Coronel de barranco, Cláudio de Araújo Lima
d)    Terra de ninguém, de Francisco Galvão
e)    Inferno verde, de Alberto Rangel

8.    Leia as afirmativas abaixo, feitas sobre a obra de Eça de Queirós, o principal nome da ficção realista-naturalista portuguesa. Em seguida, assinale aquela que NÃO está correta.

a)    Desenvolveu o romance histórico de tendência medieval, escrevendo nessa vertente a obra Eurico, o presbítero.
b)    O romance Os Maias narra um caso de incesto involuntário, envolvendo os irmãos Carlos e Maria Eduarda. 
a)    Em A Cidade e as serras, o escritor defende a tese segundo a qual o homem só pode ser feliz longe da civilização e das máquinas.
b)    O triângulo amoroso constituído por Jorge, sua mulher Luísa e o primo desta é o tema do famoso romance O Primo Basílio.
c)     O Crime do padre Amaro é obra que, de acordo com os ideais reformistas da época, combate uma das mais poderosas instituições: a Igreja.

9. Normalmente rotulado como autor do Realismo Machado de Assis não ficou imune a outros estilos que coexistiam simultaneamente. Dessa forma, sua poesia se vincula ao Parnasianismo; há narrativas suas que tendem para o Impressionismo; observamse trechos em sua ficção que ilustram o Naturalismo. Sendo assim, assinale o enunciado, dentre os relacionados abaixo, que é naturalista:
  
a)    Viu Fortunato sentado à mesa que havia no centro do gabinete, e sobre a qual pusera um prato com espírito de vinho. O líquido flamejava. Entre o polegar e o índice da mão esquerda segurava um barbante, de cuja ponta pendia o rato atado pela cauda. Na direita tinha uma tesoura. No momento em que o Garcia entrou, Fortunato cortava ao rato uma das patas; em seguida desceu o infeliz até a chama, rápido, para não matá-lo, e dispôs-se a fazer o mesmo à terceira, pois já lhe havia cortado a primeira. (Conto “A Causa secreta”)
b)    Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite. A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas. (Conto
“Missa do galo”)
c)     Mas, se querem ouvir-me calados, posso contar-lhes um caso de minha vida em que ressalta a mais clara demonstração acerca da matéria de que se trata. Em primeiro lugar, não há uma só alma, há duas...
  Duas?
  Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...
(Conto “O Espelho”)
d)    Chama-se Falcão o meu homem. Naquele dia – quatorze de abril de 1870 – quem lhe entrasse em casa, às dez horas da noite, vê-loia passear na sala, em mangas de camisa, calça preta e gravata branca, resmungando, gesticulando, suspirando, evidentemente aflito. Às vezes, sentava-se; outras, encostava-se à janela, olhando para a praia, que era a da Gamboa. Mas, em qualquer lugar ou atitude, demorava-se pouco tempo. (Conto “Anedota
Pecuniária”)
e)    ois dos três santos do outro lado, S. José e S. Miguel (à direita de quem entra na igreja pela porta da frente), tinham descido dos nichos e estavam sentados nos seus altares. As dimensões não eram as das próprias imagens, mas de homens. Falavam para o lado de cá, onde estão os altares de S. João Batista e S Francisco de Sales. Não posso descrever o que senti. Durante algum tempo, que não chego a calcular, fiquei sem ir para diante nem para trás, arrepiado e trêmulo. (Conto “Entre santos”) 

10.    Leia o soneto “Sobre o cisne de Stéphane Mallarmé”, do poeta Eduardo Guimaraens (18921928):

Um Sonho existe em nós como um cisne num lago
De água profunda e clara e em cujo fundo existe
Outro cisne alvo e triste, e ainda mais alvo e triste
Que a sua forma real de um tom dolente e vago.

Nada: e os gestos que tem, de carícia e de afago,
Lembram da imagem tênue, onde a tristeza insiste
Por ser mais alva, a graça inversa em que consiste
A dolente mudez de um espelho pressago.

Um cisne existe em nós como um sonho de calma,
 Plácido, um cisne branco e triste, longo e lasso
E puro, sobre a face oculta de nossa alma.

E a sua imagem lembra a imagem de um destino
De pureza e de amor que segue, passo a passo,
Este sonho imortal como um cisne divino!


Quatro grandes poetas franceses influenciaram os simbolistas brasileiros, a partir do aparecimento desse estilo no Brasil, no final do século XIX. Esses poetas foram: Charles Baudelaire (1821-1867), Paul Verlaine (1844-1896), Arthur Rimbaud (1854-1891) e Stéphane Mallarmé (1842-1898). Não é à toa, pois, que o soneto de Guimaraens seja dedicado a este último.

Assinale a afirmativa que, referindo-se corretamente ao soneto, apresenta influências de Mallarmé na poesia simbolista brasileira:

a)    Na poesia deve predominar a realidade interior, com aproximação da música e a despreocupação em figurar linhas e formas dos objetos sugeridos.
b)    A faculdade essencial do poeta deve ser a imaginação, com o tema escolhido sendo exposto de forma lógica, a fim de que as palavras adquiram plurissignificação.
c)     A preferência intelectual deve enfocar, acima de tudo, a natureza, desprezando-se, em consequência, o misterioso, o místico e o sobrenatural.
d)    Parcimônia no uso de comparações, valorizando-se as rimas ricas (como “existe / triste”), as palavras musicais e os objetos a serem descritos.
e)    O assunto deve ser uma noção abstrata e intelectual, na qual se valoriza a imagem e se observa o predomínio da sugestão sobre o sentido explícito da linguagem.

11.    Leia o início do poema “Num bairro moderno”, do poeta português Cesário Verde:

Dez horas da manhã; os transparentes
Matizam uma casa apalaçada;
Pelos jardins estacam-se os nascentes, 
E fere a vista, com brancuras quentes, 
A larga rua macadamizada.

Rez-de-chaussée repousam sossegados,
Abriram-se, nalguns, as persianas,
E dum ou doutro, em quartos estucados,
      Ou entre a rama dos papéis pintados,
       Reluzem, num almoço, as porcelanas
Como é saudável ter o seu conchego
E a sua vida fácil! Eu descia,
Sem muita pressa, para o meu emprego, 
Aonde agora quase sempre chego 
Com as tonturas duma apoplexia.

E rota, pequenina, azafamada,
Notei de costas uma rapariga,
Que no xadrez marmóreo de uma escada, 
Como um retalho de horta aglomerada, 
Pousara, ajoelhando, a sua giga.

Sobre o texto e suas relações com o período realista em Portugal, leia as seguintes afirmativas:
I.      O poema não se filia ao Parnasianismo, que em Portugal foi uma vertente lírica pouco praticada.
II.     O poeta age como um repórter da cidade, sensível às suas pulsões, e, como tal, não se coloca fora do assunto.
III.   O texto se vincula ao Parnasianismo, haja vista os recursos da prosa de que se utiliza, como a dissertação e as descrições.
IV.   O poeta trabalha o poema em busca da beleza em si, por isso se observa no texto a obsessão pela forma.
V.    A ideia central – descrever um bairro rico – está revestida de uma linguagem que tende para o hermetismo.

Assinale a alternativa correta:

a)    Somente as afirmativas III e IV estão corretas
b)    Somente as afirmativas III e V estão corretas
c)     Somente as afirmativas I e IV estão corretas
d)    Somente as afirmativas II e V estão corretas
e)    Somente as afirmativas I e II estão corretas 


12.    Leia agora o soneto “As Catedrais”, de Gomes Leal:

Como vos amo ver, ó catedrais, sozinhas, 
A recortar o azul das noites consteladas... 
Erguidos coruchéus, místicas andorinhas – 
Ó grandes catedrais do sol ensanguentadas!

Como vos amo ver, pombas alvoroçadas,
Ogivas ideais, anjos de puras linhas,
Catacumbas sem luz, aonde embalsamadas 
Dormem, de mãos em cruz, as santas e as rainhas!

Em vão olhais o Céu, sagradas epopeias! 
Flores de renda e luz, de incenso e aromas
cheias,
Aves celestiais, banhadas da manhã!

Em vão santos e reis, ó monges dos desertos,
Em vão, em vão rezais, sobre os livros abertos 
– O Céu, por que chorais, é uma ficção cristã!

Assinale a afirmativa CORRETA a respeito do poema e suas relações com o Realismo português:

a)    Pelo caráter expositivo-dissertativo de que se reveste, filia-se ao Parnasianismo, uma das tendências           que       se        desenvolveram em
Portugal durante o Realismo.
b)    Pela maneira como expõe o tema escolhido, vincula-se à chamada poesia “realista”, que se identificava com ideais reformadores da sociedade portuguesa.
c)     Representa a poesia de caráter metafísico, por cultivar a espiritualidade, envolvendo-a em atmosfera de intensa religiosidade.
d)    Expressa a chamada poesia do cotidiano, vertente que trouxe para o gênero lírico temas até então considerados não poéticos.
e)    Mescla ciência, filosofia, religião e política, numa mistura ilustrativa das diversas tendências do período.

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