1
Releia a quarta estrofe do poema:
Sem chuva na terra
descamba janeiro
até fevereiro
no mesmo verão
reclama o roceiro
dizendo consigo:
meu Deus é castigo
não chove mais não
Sem chuva na terra
descamba janeiro
até fevereiro
no mesmo verão
reclama o roceiro
dizendo consigo:
meu Deus é castigo
não chove mais não
Assinale a alternativa que apresenta todas as
informações corretas acerca da construção da estrofe, no tocante ao número de
versos, número de sílabas de cada verso e esquema de rimas:
A) oitava, cinco, ABBCBDDC
B) oitava, sete, ABBCBDDC
C) oitava, cinco, ABBCADDC
D) décima, seis, ABBCADDC
E) décima, sete, ABBCBDDC
A) oitava, cinco, ABBCBDDC
B) oitava, sete, ABBCBDDC
C) oitava, cinco, ABBCADDC
D) décima, seis, ABBCADDC
E) décima, sete, ABBCBDDC
2
5 |
Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade, madrasta dos naturais, e dos estrangeiros madre: Dizei-me por vida vossa |
10 |
em que fundais o ditame
de exaltar os que aqui vêm, e abater os que aqui nascem? Se o fazeis pelo interesse de que os estranhos vos gabem, |
15 |
isso os paisanos fariam
com conhecidas vantagens. E suposto que os louvores em boca própria não valem, se tem força esta sentença, |
20 |
mor força terá a verdade.
O certo é, pátria minha, que fostes terra de alarves, e inda os ressábios vos duram desse tempo e dessa idade. |
25 |
Haverá duzentos anos, nem tantos podem contar-se, que éreis uma aldeia pobre e hoje sois rica cidade. Então vos pisavam índios, |
e vos habitavam cafres,
hoje chispais fidalguias, arrojando personagens. Nota: entenda-se “Bahia” como cidade. Gregório de Matos |
Vocabulário
alarves - que ou quem é rústico, abrutado, grosseiro, ignorante; que ou o que é tolo, parvo, estúpido.
ressábios - sabor; gosto que se tem depois.
cafres - indivíduo de raça negra.
Todas as afirmativas sobre a construção estética ou a produção textual do poema de Gregório de Matos (Texto) estão adequadas, EXCETO uma. Assinale-a.
(A) Existem antíteses, características de textos no período barroco.
(B) Há uma personificação, pois a Bahia, ser inanimado, é tratada como ser vivo.
(C) A ausência de métrica aproxima o poema do Modernismo.
(D) O eu lírico usa o vocativo, transformando a Bahia em sua interlocutora.
(E) Há diferença de tratamento para os habitantes locais e os estrangeiros.
3
Vila Rica
O ouro fulvo* do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos* de ouro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.
O ângelus plange ao longe em doloroso dobre,
O último ouro de sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião, que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,
Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.
Olavo Bilac
*Glossário:
“fulvo”: de cor alaranjada.
“laivos”: marcas; manchas; desenhos estreitos e
coloridos nas pedras; restos ou vestígios.
Dentre os diversos recursos expressivos presentes
no texto, pode-se apontar o emprego concomitante de um verbo onomatopaico e de
aliteração no verso
A) dois.
B) onze.
C) oito.
D) catorze.
E) quatro.
4
A questão se baseia num poema de Florbela Espanca.
Esquecimento
Esquecimento
Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...
E desse que era meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...!
Florbela Espanca
Na última estrofe, o eu lírico expressa, por meio de
(A) hipérboles, a dificuldade de se tentar esquecer um grande amor.
(B) metáforas, a forma de se esquecer plenamente a
pessoa amada.
(C) eufemismos, as contradições do amor e os
sofrimentos dele decorrentes.
(D) metonímias, o bem-estar ligado a amar e querer
esquecer.
(E) paradoxos, a impossibilidade de o esquecimento
ser levado a cabo.
5
Considere o poema
a seguir, "A cantiga", de Adélia Prado:
"Ai cigana ciganinha,
ciganinha, meu
amor".
Quando escutei
essa cantiga
era hora do
almoço, há muitos anos.
A voz da mulher
cantando vinha de uma cozinha,
ai ciganinha, a
voz de bambu rachado
continua tinindo,
esganiçada, linda,
viaja pra dentro
de mim, o meu ouvido cada vez melhor.
Canta, canta,
mulher, vai polindo o cristal,
canta mais, canta
que eu acho minha mãe,
meu vestido
estampado, meu pai tirando boia da panela,
canta que eu acho
minha vida.
(Em: Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.)
Acerca desse poema, é INCORRETO afirmar que
A ( ) a poeta tem consciência de que seu passado é irremediavelmente perdido.
B ( ) existe um tom nostálgico, e um saudosismo de raiz romântica.
C ( ) a cantiga faz com que a poeta reviva uma série de lembranças afetivas.
D ( ) predomina o
tom confessional e o caráter autobiográfico.
E ( ) valoriza os elementos da cultura popular, também uma herança romântica.
E ( ) valoriza os elementos da cultura popular, também uma herança romântica.
6
Bebida é água
Comida é pasto
Você tem fome de quê?
Você tem sede de quê? [...]”.
A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão e balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer.
[...]
(Comida, Titãs).
Figuras de linguagem é uma forma de expressão que consiste no emprego de palavras em sentido diferente daquele em que convencionalmente são empregadas. Na frase “Comida é pasto”, a palavra pasto foi empregada como:
Figuras de linguagem é uma forma de expressão que consiste no emprego de palavras em sentido diferente daquele em que convencionalmente são empregadas. Na frase “Comida é pasto”, a palavra pasto foi empregada como:
a. Metonímia.
b. Metáfora.
c. Hipérbole.
d. Eufemismo.
e. Prosopopeia.