A grande vantagem de ser educador é nunca ter um dia rotineiro. Em meio a quebras de rotina, alguns assuntos acabam despertando "interesses além da matéria". Calma , tudo dentro do limite que a censura do Ensino Médio nos permite. E por isso, enquanto elaboro uma avaliação, disponibilizo roteiros para construção de seminários e organizo os trabalhos da Pós, relaxo escrevendo.
Para inaugurar este post, começo relatando o debate que realizamos sobre informação e conhecimento. Será que temos conhecimento por que somos mais informados ou somos mais informados por que temos conhecimento? Será que isso importa para um adolescente do século XXI? Será que a internet finalmente nos libertou da manipulação das mídias e companhias? Não chegamos a responder nenhum dos questionamentos, mas começamos a compreender que hoje, mais que antes, precisamos do que Paulo Freire já mencionava – Sair do analfabetismo funcional, termo citado por meus alunos.
É verdade que a informação se apresenta em vários meios e a internet proporcionou uma velocidade que a cada dia nos surpreende. Ficamos mais apressados e ansiosos, tudo deve se resolver num clic ou não está bom. É um fervilhar de informação.
Se você digita língua portuguesa no Google em segundos tem 5.460.000 resultados, se for língua 61.100.00 se portuguesa ... confere. A informação estará lá pronta para ser clicada e pesquisa, ansiosa por receber um ctrl+c e um ctrl+v em um trabalho que deve ser entregue em 30 minutos – é claro que isto nunca ocorre, é só para deixar o texto fictício.
Agora voltamos ao ponto inicial: Informação é conhecimento? Quem nunca escutou a frase: so escreve bem quem lê! Você tem que ler para se manter informado! Se na prática isto fosse verdade, quem está ligado na net não deveria escrever bem e está informado e em consequencia ter conhecimento?
Este foi o ponto central do debate em sala de aula. O melhor é quando as ponderações e preocupações com senso crítico e formação de opinião não são demagogias e saem dos próprios alunos.
Um dia a escola já foi um lugar de informação, hoje é o lugar do conhecimento. È na manifestações de ideias que nasce o conhecimento. Se temos hoje mais informação disponível, não temos necessariamente mais conhecimento, pois a informação pela informação aliena tanto quanto a desinformação.
E pensar que este debate foi para a construção de uma crônica ou conto inspirados em Triste fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto e A Queda de um Anjo de Camilo Castelo Branco. O que isso tem haver? Confira! Vale a pena.
Por André Mourão
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